Índia analisa exigências dos EUA por menores restrições às importações de alimentos transgênicos 43162m

A Índia está analisando um pedido dos EUA para aliviar as restrições à compra de culturas geneticamente modificadas como parte das negociações comerciais em andamento entre os dois países, disseram pessoas a par do assunto. 2y3n58

O governo americano vem pressionando Nova Déli por maior o aos seus produtos agrícolas, considerando o país mais populoso do mundo um vasto mercado inexplorado. O país está particularmente interessado em exportar milho e soja transgênicos, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas, pois as informações não são públicas. Essas duas culturas representam as maiores exportações agrícolas dos EUA em volume, e as variedades transgênicas representam a grande maioria da produção nacional.

No entanto, os pedidos dos EUA foram recebidos com cautela, principalmente entre autoridades do Ministério da Agricultura da Índia, onde as compras no exterior são vistas como propensas a gerar excesso de oferta, disseram as fontes. Houve discussões sobre a limitação das importações a alguns produtos processados ​​para uso em ração animal, como farelo de soja e grãos secos de destilaria com solúveis — um subproduto da produção de etanol. Ainda assim, há preocupações de que quaisquer concessões possam causar vazamentos no sistema alimentar de forma mais ampla, disseram elas.

A Índia possui uma vasta indústria agrícola e normalmente reluta em adicionar muita oferta estrangeira que possa competir com a produção nacional. Os agricultores também constituem um importante bloco eleitoral e o sistema agrícola está intimamente ligado às redes de apoio do governo que alimentam milhões de pessoas.

Outra complicação é que o país também resiste há muito tempo à agricultura transgênica, em parte devido a preocupações com os meios de subsistência dos agricultores e o papel a ser desempenhado pelas grandes corporações privadas — apesar dos argumentos dos defensores que apontam para a possibilidade de maior produtividade. Embora a Índia se baseie fortemente no algodão transgênico, nenhuma cultura alimentar transgênica é cultivada atualmente. As importações estão atualmente restritas à produção de óleo comestível.

Permitir o cultivo de transgênicos seria "como brincar com a natureza", disse o Ministro da Agricultura, Shivraj Singh Chouhan, em comentários divulgados em março. Ainda assim, um acordo parcial que permita algumas importações sem abrir caminho para o cultivo de transgênicos é uma possibilidade — assim como a Europa, que permite algumas importações, mas continua a impor regulamentações rígidas aos transgênicos.

O Ministério da Agricultura e Bem-Estar dos Agricultores da Índia e seu Ministério do Comércio não responderam aos pedidos de comentários sobre as discussões.

O primeiro-ministro Narendra Modi e o presidente dos EUA, Donald Trump, concordaram em fevereiro em concluir a primeira fase do acordo até o outono deste ano, sem informar quais resultados são esperados na fase inicial. Os dois países estão priorizando certos setores para fechar um acordo comercial antecipado antes do fim da pausa de 90 dias nas tarifas retaliatórias de Trump, disseram as pessoas.

A agricultura é amplamente esperada como um pilar fundamental em qualquer acordo. O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, afirmou que um acordo "abriria a Índia aos agricultores americanos".

A Índia está competindo com outras nações asiáticas, incluindo Japão e Coreia do Sul, para firmar um pacto. Os EUA anunciaram na quinta-feira um acordo comercial com o Reino Unido, cujos detalhes finais serão negociados nas "próximas semanas".

Índia e EUA já finalizaram os termos de referência, ou seja, a estrutura geral para as discussões. A Índia se ofereceu para eliminar tarifas sobre bens industriais, incluindo aço e componentes automotivos, em bases recíprocas, e também planeja apresentar o grande portfólio de encomendas de aviões da Boeing Co. e o potencial para mais encomendas, informou a Bloomberg anteriormente.

Se a Índia retirasse as restrições ao milho transgênico, as exportações dos EUA para o país poderiam chegar a US$ 235 milhões anualmente, afirmou a Associação Nacional de Produtores de Milho do Missouri nesta semana.